Há um concurso num canal de televisão onde a determinado passo os concorrentes escolhem pessoas na rua para responderem por eles a uma pergunta esperando que falhem, já que só assim ganharão o seu punhado de euros. E os concorrentes lá se põem a avaliar pelo aspecto os transeuntes para ver qual dá garantias de ser ignorante, saloio, rústico, néscio, retardado — incapaz, na opinião deles, de acertar a resposta, como convém. E, claro, há risinhos quando o preconceito e o estereótipo parecem confirmados pela realidade, quando o escolhido não sabe a resposta. Não há contudo os mesmos risinhos de patética condescendência e superioridade quando o objectivo é que alguém acerte a resposta e, apesar de escolhido pelo seu ar de adequada urbanidade, falha. Também não há este tipo de risinhos quando o próprio concorrente, tão à vontade para avaliar alguém pelo seu aspecto, falha.
Por mim, se algum dia estivesse suficientemente tonto para ser concorrente, escolheria para acertar as respostas todo o transeunte que mudasse de passeio à mera vista da comitiva televisiva. Se é para julgar pelas aparências, este parecer-me-ia um excelente indicativo de inteligência. E escolheria para falhar as respostas todo aquele que tivesse ar de concorrente do programa, incluindo o apresentador. Grandes probabilidades estariam do meu lado.
Powerful observation. Judging by appearances often reveals more about the one judging than the one being judged. True wisdom isn't in how we look, but in how we treat others—with humility, not superiority. By the way, humility is deeply rooted in many traditions—just like in this Surah Yaseen pdf that reminds us not to judge hastily.
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