«[Nós] temos o direito a ser humilhados!», proferiu o moço, em defesa da praxe. Nada de grave subjaz à reivindicação de um direito — excepto quando tal reivindicação pressupõe um dever que a dignidade humana seguramente não aprova. O enunciado exposto configura uma situação do género: para que uns tenham o direito a ser humilhados, outros terão o dever de os humilhar. Claro, há sempre candidatos disponíveis para cumprir essa tarefa — excepto em países onde a decência reina.
* Escrito após a leitura do post do Rui e a visualização do vídeo insólito (e altamente instrutivo) que suscitou essas reflexões.
Na invenção dos direitos, muitas vezes se esquecem que do outro lado está um dever - desta realização brota, muitas vezes, o absurdo da invenção.
ResponderEliminarNão conhecia o vídeo, mas realmente confirma uma contradição sobre a qual já escrevi: sofrer coisas de que não se gosta e voluntariedade. Talvez o direito a ser humilhado seja o direito ao reconhecimento do masoquismo enquanto opção de vida?
Compreendo a pertinência da sua abordagem. Mas penso que há uma diferença significativa entre "o direito a gostar de ser humilhado" e "o direito a ser humilhado". De qualquer modo, ser masoquista nunca foi fácil...
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