O Correio da Manhã, esse pândego, considerou uma boa notícia a LER passar (ou regressar) a uma periodicidade trimestral. Pelo menos a seta junto à informação apontava para cima (recebendo como troco uma farpa de Rui Zink no Facebook). Para mim, esta alteração pode de facto ser uma boa notícia: se a revista aumentar o conteúdo, como prometido, e mantiver o preço de 5 euros, talvez, bem contados os trocos, possa voltar a comprá-la.
Mas esta renovação da LER («sem lamentos nem desculpas») só é uma vitória ou uma boa notícia porque estamos demasiado habituados a más notícias. Podemos, nestes tempos de cinza, considerar uma vitória a LER conseguir manter-se, ainda que trimestralmente; podemos considerar uma boa notícia a LER simplesmente não acabar, como seria possível e de certo ponto de vista até provável. Mas estas são as vitórias simbólicas da Resistência, destinadas a manter o moral. Verdadeira vitória e boa notícia sem sombra de eufemismo seria a LER renovar-se e aparecer com «mais páginas, mais reportagens, mais profundidade e densidade» mantendo a edição mensal.
Assim, concluímos apenas que o país não tem dinheiro nem leitores suficientes (ou suficientes leitores com dinheiro, numa versão optimista) para uma revista mensal de livros.
Assim, a muito custo afastamos o motejo: de vitória em vitória até à derrota final.
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