Nem todos perdem com a crise. A cultura pimba verifica um recrudescimento. No interior do país esta curiosa forma de vida rejubilará. Rejubila já.
Os últimos dez anos estiveram ao serviço de uma particular forma de crueldade: mostraram como Portugal poderia ser culturalmente descentralizado e como as berças poderiam ser um pouco sofisticadas, cosmopolitas. Em vão. Brevemente sofreremos não só com o que poderíamos ser mas também com o que por instantes fomos. Há uns anos só tínhamos saudades do futuro — agora teremos também saudades do passado recente.
Nada que aflija os nossos conterrâneos que estão no Governo ou que por lá passaram: cumprindo o seu dever de anjos camilianos, não os ocupa a decência, quanto mais a província. Mas também seriam de pouca utilidade: a província dispensa mais fãs do Politeama.
Há os outros, claro, os que vão à Bertrand do Chiado sem ser em turismo. Mas nem estes evitam a condescendência: se regressam quotidianamente à terra, fazem-no em safari, embevecidos com o pitoresco.
Não os censuremos, contudo. Se nós próprios temos tanto jeito para fazer de castiços e saltitantes pigmeus.
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