A minha reacção à teoria de que a Praxe «é uma forma de integração» (alguns vão ao ponto de deixar subentendido que é a única forma de integração na vida académica...) e à desculpa dos excessos com a «rebeldia» da juventude.
Quanto à primeira afirmação (a questão da integração): será — mas integração em quê? Numa estrutura hierárquica baseada, não no mérito, mas na antiguidade? Pior: onde o maior estatuto (Veterano) só é conseguido, necessariamente, pela reprovação (logo, pelo demérito)? Integração numa sociedade em que os de mais baixo estatuto, não só são humilhados, como não podem reagir à humilhação, apenas acatá-la? E onde a única desforra que existe é, não sobre aqueles que nos humilharam, mas sobre terceiros, os de mais baixo estatuto do que nós, que a seu tempo teremos oportunidade de humilhar? Se é a este tipo de integração que se referem, está tudo dito.
Quanto ao espírito «rebelde» subjacente à Praxe: é exactamente o contrário — reprodução acrítica de comportamentos. (De resto, como a maioria das tradições; a diferença é que poucas são tão estúpidas e com princípios e valores subjacentes tão baixos como os da Praxe.)
P.S.: Fiz este flyer em Setembro de 2009, tendo-o distribuído (em pequenas quantidades) pelo sítio onde trabalho. Foi originalmente publicado no meu blogue Grafismo Sem Rede, acompanhado do texto que reproduzi acima. Vejo hoje que poderia ter sido publicado a acompanhar o artigo de opinião que Daniel Oliveira publicou no Expresso em 2011 e que por estes dias ressuscitou nas redes sociais.
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