quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Os objectos inefáveis
Publicada por
José Ferreira Borges
Naquela feira vendiam-se apenas objectos inefáveis. Em rigor, não se tratava de objectos completamente inefáveis: deles se dizia que eram «inefáveis» e que eram «objectos». De resto, como de Deus para os místicos, de tais objectos só se falava mediante negações: não tinham cheiro, cor, som, peso, volume, forma, nada. Quem os adquiria, geralmente a preços indizíveis, espalhava-os pela casa ou por caminhos habituais. Constituía mesmo um sagrado imperativo tropeçar em objectos inefáveis — para alcançar indescritíveis quedas.
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