Um poeta da Geração d’
Orpheu entrou numa casa de banho pública, onde existia um espelho capaz de fixar imagens e palavras. Retirou do bolso um espelho mais pequeno e fez aquele jogo de reflexos que anula simetrias. Proferiu, em simultâneo, um verso: «Eu não sou eu nem sou o outro.» O espelho maior assimilou tudo. Desde então, se alguém, mirando-se a ele, perguntasse «Quem sou eu?», obtinha esta resposta: «És dois espelhos — ou “qualquer coisa de intermédio”.»
Sem comentários:
Enviar um comentário