Fernando Pessoa julgava — ou assim o pensou ao escrever determinado verso da
Mensagem — que «todo o começo é involuntário». Mas tal verso deve ter sido involuntário — porque lhe surgiu, dádiva dos deuses, para começo de um poema. A sentença, pressupondo uma leitura providencialista da história, parece colidir com outra, que destaca a livre iniciativa do indivíduo: «Tudo o que é voluntário é começo.» Aceitemos as duas ideias como quem aceita o Universo: todo o começo é contraditório.
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