Di-lo um adulto, no café: «Prefiro ver os desenhos animados do que ouvir as notícias.» O televisor vai correspondendo à preferência. Poder-se-á considerar isto uma atitude de fuga. Mas as palavras que repetem a crise acabam por desencadear alguma crise nas palavras. Subjacente àquela opção encontra-se, decerto, o cansaço — aliás comum — suscitado pela realidade social e política ou pelo discurso que a traduz. Um discurso onde a dialéctica da angústia há muito embaciou à retórica da esperança.
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