Leio no Dinheiro Vivo:
Dirigente do FMI: Portugal é uma das 10 fontes de risco mundial
[...] Carlo Cottarelli, o diretor do departamento de assuntos orçamentais do FMI, disse numa aula que deu em meados de maio, no Peterson Institute for International Economics, que Portugal juntamente com Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França, Itália, Espanha, Bélgica, Grécia e Irlanda "representam 40% do produto interno bruto mundial, por isso o que acontece nas suas políticas orçamentais tem grandes implicações no resto do mundo".
Pergunto-me o que pesará mais em Carlo Cottarelli: se a incapacidade intelectual, se a desonestidade intelectual. Porque uma delas, pelo menos, está claramente a deixar a sua mossa. Seja qual for, a falácia já foi passada aos discípulos, que bovinamente a terão engolido, indo adubar outras paragens, para nossa desgraça.
Conforme diz, e bem, Luís Reis Ribeiro, autor do artigo do Dinheiro Vivo:
Os dez países referidos por Cottarelli representam 40% do PIB mundial, é um facto, mas faltou dizer que Portugal, por exemplo, vale apenas 0,3% desse total (medido em dólares correntes, dados do próprio FMI). Só os Estados Unidos e o Japão — dois países enormes com problemas de défices e dívidas excessivos — pesam 30% no produto mundial, 100 vezes mais do que Portugal.
Cottarelli não coloca esta questão de dimensão em perspetiva, nem em relação a Portugal, nem em relação a três outras pequenas economias citadas (Grécia, Irlanda e Bélgica). Estes quatro países juntos valem 1,6% da riqueza global. Percebe-se, portanto, que o risco prende-se mais com os restantes 38,4%. [...]
O erro (ou a manipulação deliberada) de Cottarelli está bem tipificado, tendo presença garantida em qualquer Guia de Falácias que se preze. Chama-se “Falácia da Divisão” e consiste em atribuir aos membros individuais de um determinado grupo as características desse grupo, tomando a parte pelo todo. Um exemplo clássico é o ser humano: «O ser humano é consciente; o ser humano é constituído por células; logo, cada célula humana é consciente.»
Pergunto-me se, enviando ao FMI um “raciocínio” do calibre do de Cottarelli, a título de CV, conseguirei um empreguito bem remunerado na organização... Não custa tentar, por isso aqui vai:«Segundo dados da Amnistia Internacional divulgados pelo The Guardian, em 2008 foram executadas 2390 pessoas a nível mundial. O somatório de execuções levadas a cabo em apenas quatro países (China, Irão, Arábia Saudita e Portugal) perfaz mais de 90% do total mundial. Conclusão: Portugal tem pena de morte e é dos países que mais a aplica.»
Aguardo o e-mail de Christine Lagarde. Gostava de um gabinete virando a poente.
Sem comentários:
Enviar um comentário