Uma ocasião dei-me conta que os ratos, bichinhos que andam tão junto ao chão, afinal também podem tropeçar. O tipo assustou-se com a minha presença e desatou a correr, sem olhar onde punha os pés. Uma das pedrinhas do piso era um pouco maior e ele deu uma cambalhota involuntária, mostrando por momentos a barriga branca e fofa.
Noutra altura o rato quis escapar-se para o lado do rio, mas encandeado pelo sol falhou por centímetros o buraco para escoamento de águas pluviais no muro e bateu com a cabeça no perpianho. Deve ter doído.
Hoje um chapim e um melro brincaram de Tom e Jerry, o chapim em voo rasante e o melro a correr pelo chão. Na verdade, fugiam ambos de mim (sou assim assustador, mas amo-os), apenas escolheram inadvertidamente uma trajectória de fuga que por instantes coincidiu e fez parecer que o melro perseguia o chapim.
Ou será que o perseguia mesmo? A expansão do neoliberalismo pode alterar a cadeia alimentar, dá ilusões de predador a qualquer um.
Sem comentários:
Enviar um comentário