domingo, 3 de fevereiro de 2013

O Leonhard Euler da (baixa) política nacional

Universidade Lusófona apresenta Miguel Relvas em 'O Senhor Doutor'

Escreve Jorge Buescu no segundo capítulo de O Fim do Mundo Está Próximo? (Gradiva, 2007):

Leonhard Euler (1707–1783) foi muito provavelmente o maior génio matemático de todos os tempos. Foi indiscutivelmente o matemático mais produtivo de sempre, em quantidade e qualidade. [...]
[...]
Euler fez um oceano de contribuições fundacionais para o cálculo diferencial e integral, as equações diferenciais ordinárias e parciais, a teoria dos números, a geometria, a álgebra, a mecânica, a hidrodinâmica, a astronomia, a topologia e a teoria dos grafos.
[...]
Mesmo um cientista de estatura gigantesca fica geralmente imortalizado por uma contribuição central à qual o seu nome fica para sempre ligado: assim falamos na lei de Arquimedes, na gravitação de Newton, na hipótese de Riemann ou na relatividade de Einstein. No entanto, se um matemático se referir no abstracto ao «teorema de Euler», a maior parte das pessoas não saberá qual o ramo da matemática em discussão, tal a esmagadora abrangência e importância do legado científico de Euler.


Faço zapping entre telejornais, folheio os diários e semanários, salto de blogue em blogue — e sou assoberbado por uma omnipresença: Miguel Relvas. Há, associado ao seu nome, escândalos para todos os gostos: assim de repente, temos o caso «Relvas/Universidade Lusófona», o caso «Relvas/Secretas», o caso «Relvas/jornal Público», o caso «Relvas/Passos Coelho/Tecnoforma», o caso «Relvas/Viagens fantasmas»...

Com a devida vénia, peço emprestado e rescrevo um excerto do livro de Jorge Buescu:

Mesmo um político de baixíssima estatura fica geralmente imortalizado por um escândalo central à qual o seu nome fica para sempre ligado: assim falamos no envolvimento de Armando Vara no processo «Face Oculta» ou de Paulo Portas no «Caso Submarinos», no «Caso Fax» de Carlos Melancia, ou no «Caso Costa Freire». No entanto, se um comentador se referir no abstracto ao «Caso Relvas», a maior parte das pessoas não saberá qual o ramo da baixa política em discussão, tal a esmagadora abrangência e importância do legado escandalístico de Miguel Relvas.


Miguel Relvas é o Leonhard Euler da (baixa) política nacional!


P.S.1 Jorge Buescu não nos informa quanto a quem seria o n.º 2 do ranking do mérito matemático. No da baixa política nacional, a “honra” caberia a José Sócrates: casos «Sócrates/Universidade Independente», «Sócrates/Freeport», «Sócrates/Face Oculta»...

P.S.2 A imagem que acompanha este texto foi retirada do magnífico blogue WeHaveKaosInTheGarden, que tem muitas mais jóias de igual quilate (uma boa parte delas protagonizadas pelo nosso Euler politiqueiro).

4 comentários:

  1. Um gosto ter chegado ao seu blogue onde já
    me registei. Gostei muito deste post, mas
    como sabe Relvas/Passos estão ligados por
    um cordão umbilical e... temos que ver os
    próximos capítulos.
    Saudações
    Irene Alves

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    1. Sim, este Euler politiqueiro, ao contrário do outro, não morreu nem encerrou a carreira. Irá, certamente, "obrar" muito mais.

      Em nome do colectivo (porque este é um blogue colectivo), bem-vinda ao Iniciação ao Tédio!

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  2. Gosto muito de matemática. E através da matemática chega-se a muito lado. À poesia, por exemplo.

    Agora que se chegasse até ao Relvas... essa não me ocorreria mas, claro, quando as coisas descaem por um plano inclinado a caminho do nada, é bem capaz de se tropeçar em objectos estranhos como o relvas.

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    1. O drama é que o Relvas é cada vez menos estranho. Há mais Relvas — não, admito, espécimes tão magníficos, mas certamente da mesma espécie. Eles andam aí.

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