Se alguém quiser, como García Lorca, «dormir o sono das maçãs» (1), de que modo exprimirá o resultado? O problema não diz só respeito à natureza dos qualia, ou qualidades sentidas das experiências, mas também ao reconhecimento de que se passou por tal sono. Trata-se de, permanecendo humano, entrar no fruto em causa, imergir na sua inconsciência — e sabê-lo, depois, ao despertar. «Dormir o sono das maçãs» seria aceder, por inteiro e sem distância, ao lugar do inefável.
(1) Federico García Lorca (s/d), Divã do Tamarit, Lisboa, Vega, p. 47.
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