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quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Exortação
Publicada por
José Ferreira Borges
Inserta em aforística ode, a exortação de Ricardo Reis «Põe quanto és no mínimo que fazes» interessa, sobretudo, a artistas, filósofos e místicos: de alma inteira e corpo integral, achar-se-á a interior grandeza. Tal axioma, contudo, para ser aplicável a tarefas braçais, reclama acrescentos: «Põe quanto és no mínimo que fazes, mas só se estiveres a fazer o mínimo. De contrário, toma cuidado: não vale a pena obedecer à máxima e vir depois a padecer das costas.»
domingo, 7 de abril de 2013
Ócio anímico
Publicada por
José Ferreira Borges
Demorando-se no «ócio integral», arrisca-se a alma a ganhar os dois atributos com que Pessanha descrevia a sua: «lânguida e inerme». Há vantagens: uma alma assim, sentindo-se mais vazio que vaso, nunca se parte, ao invés da de Campos, «como um vaso vazio», jamais tomba «pela escada excessivamente abaixo». Fica imóvel a mirar qualquer trecho de paisagem, ou tão-só as lombadas solenes nas estantes, entre o silêncio e o sono, rendida a uma suave imitação do desencanto.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Minimizar o esforço
Publicada por
José Ferreira Borges
Estratégia relevante quando, não se podendo minimizar o trabalho, se procura minimizar o esforço consiste em supor uma dissociação interna entre certa ou alegada entidade imaterial, que permanece em descanso, e a restante engrenagem do eu, na qual se insere o sujeito que labora, física ou intelectualmente. Depois, um indivíduo finge — até se tornar verdade — ser apenas a primeira, observando em repouso o trabalho da segunda. Mas obviamente, para aí chegar, outro tipo de esforço é exigido.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
O trabalho e a essência
Publicada por
José Ferreira Borges
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Diego Rivera, Construção do Palácio de Cortés, 1930–1931. |
Afirmar, à semelhança de Karl Marx, que o trabalho é a essência do Homem equivale a cometer dois pecados simultâneos: o de crucificar a espécie, fazendo dela uma cansativa apoteose do esforço, e o de maltratar o ócio, fazendo dele uma ocorrência acidental da espécie. Ora, não se exclui a hipótese de a eventual essência humana ser mais núcleo de repouso que febre de movimento, mais contemplação do mundo que tendência inelutável para lhe alterar a figura.
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