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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Pássaro na gaiola
Publicada por
Rui Ângelo Araújo
Está um frio de rachar e, submerso em camadas de vestuário de acordo com os receituários meteorológicos, ouço pássaros em plenos fôlego e inspiração melódica. Não duvido da minha sanidade, mas pelo sim pelo não encosto os phones à orelha para checkar: no meio de tantas páginas abertas para os trabalhos de hoje alguma terá talvez música de fundo ornitológica. Porém, não. Os pássaros não esperam por padecer da nostalgia de ar livre (mesmo que siberiano) e do consequente impulso que senti há pouco quando me permiti espreitar a janela por segundos. Os pássaros recusam-se à ladainha humana de ser domingo e ter de trabalhar e ficar meses sem passear pelos montes. Os pássaros voam assobiando ou assobiam voando, e que se foda a vidinha responsável e burguesa! Onde raios pus as minhas asas e o diapasão?
domingo, 28 de dezembro de 2014
Selfie ou as faculdades paliativas da nostalgia
Publicada por
Rui Ângelo Araújo
Descem a vereda do parque em passo lento de sábado à
tarde. Vistos de costas, não se percebe se são namorados, se irmãos ou mãe e
filho (ela parece mais velha), mas essa dúvida é ainda mais espúria quando os
vemos posar para a fotografia: o que importa se o que encenam para a câmara é
amor romântico ou ternura familiar? No simulacro dos sentimentos é indiferente
o tipo de parentesco.
Mas nada impede a especulação literária. A vida não
impede geralmente a especulação literária. Fotografias sorridentes são
instrumento que as pessoas usam para acreditarem, a coberto dos anos ou da
distância, que em certo dia ou local foram felizes. A foto como alibi para a
auto-estima ou o optimismo. Talvez alguém naquele casal conhecesse já as
faculdades paliativas da nostalgia.
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