É tristemente irónico que Siri Hustvedt, escritora de talento, erudição
e densidade intelectual, com obra e reflexão sobre preconceito de género, seja
apresentada em Portugal como esposa de Paul Auster. Percebo o atractivo comercial
da informação, mas, quatro livros depois — o penúltimo intitulado “Verão Sem
Homens” e o último versando sobre «os preconceitos que imperam no mundo da
arte» — quatro livros depois, perturba que a D. Quixote continue a incluir nas
badanas o apêndice marital. Quantos escritores masculinos são apresentados como
maridos de não sei quem? Eu, se fosse a Siri Hustvedt, mandava passear a D.
Quixote no próximo livro. Se a editora não consegue vender-lhe as obras pelo
mérito ou se os portugueses não as compram senão pelo popular marido, não a
merecem. E, claro, não a entendem.
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