Uma amiga comentou recentemente um vídeo em que uma conferencista americana da Heritage Foundation (um “think tank” conservador ligado ao Partido Republicano) explica, em termos fortes, por que razão de nada vale invocar a «maioria pacífica» de muçulmanos, quando o que importa é que a imensa maioria dessa maioria se abstém de confrontar — sequer no plano ideológico — a minoria (não tão pequena assim) de radicais, muitos dos quais violentos.
O comentário da minha amiga (e de outros) ia no sentido da «força» e na «falta que faz» esse tipo de resposta. Até que alguém comentou: «Só faltou mesmo RESPONDER À QUESTÃO.»
A questão (de uma muçulmana americana na plateia) era, para quem não viu o vídeo e para quem — como, confesso, eu — se distraiu com a resposta: «Como lutamos uma guerra ideológica com armas? Como poderemos algum dia terminar essa guerra?»
É verdade que a “resposta” da conferencista não respondeu à pergunta. Mas quem abriu a porta a essa mudança de assunto e à não-resposta foi a própria autora da pergunta: ela é que fez um preâmbulo à «pergunta simples», falando nos 1,8 mil milhões de muçulmanos (número exagerado...), da má imagem que eles e o Islão têm, e da falta de representatividade dos muçulmanos na sala. Após desviar assim as atenções da sua «pergunta simples», quem se pode admirar que a intervenção subsequente não seja uma resposta ao que foi perguntado, mas uma réplica àquele preâmbulo?
Fazendo um paralelo, dizer que a pergunta de Saba Ahmed não foi respondida é o mesmo que, perante a seguinte intervenção de um alemão em 1938:
«Como sabe, o nosso amado Führer instituiu recentemente leis com vista a expurgar do Sangue Alemão toda a infecção judaizante. Qual o papel do recém-criado Volkswagen no renascimento do Povo Alemão?»
alguém protestar porque a resposta incidiu sobre a inaceitabilidade das Leis Raciais de Nuremberga e não sobre os méritos ou deméritos do “Carro do Povo”...
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