quinta-feira, 16 de maio de 2013

O vendedor de metáforas

Vendia metáforas. O pregão esconjurava lugares-comuns: «Metáfora fresquinha!» Cada caixa encerrava, em papel, um exemplo daquela figura de estilo. Certo dia, já fraco o negócio, um cliente, poeta medíocre em busca de fama, recebera uma caixa sem nada dentro. Insatisfeito, voltou-se para o vendedor, erguendo o objecto à altura dos olhos: «Não vejo aqui metáfora nenhuma!» O outro, que o conhecia bem, retorquiu: «Isso não me surpreende.» E, após essa data, optou pela venda exclusiva de ironias.

Sem comentários:

Enviar um comentário