quarta-feira, 3 de julho de 2013

Olhar fixamente

«Nem o Sol nem a morte se podem olhar fixamente», assegura La Rochefoucauld. Impõem-se dois eventuais contra-exemplos. Terão sido estas as últimas palavras de Goethe: «Luz, mais luz!» Talvez ele estivesse a olhar fixamente uma espécie de sol. Nos derradeiros instantes, Fernando Pessoa conseguiria ser menos poético: «Dá-me os óculos…» Talvez ele quisesse olhar fixamente a própria morte. Mas convém não omitir, em nome da transparência, que o primeiro era um romântico e o segundo um fingidor.

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