quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O nome das coisas

bebé em frente à bandeira francesa

O debate, em França, sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adopção por casais homossexuais entrou no quelho da discussão à volta dos nomes das crianças: que sobrenome(s) seria(m) aposto(s) aos nomes próprios dos petizes?

A lei parece seguir no sentido de que os sobrenomes de ambos os membros do casal figurem no nome da criança, pelo que a Direita francesa se levantou em ruidoso protesto à la Diácono Remédios: «Qualquer dia» temos também os nomes das crianças de casais heterossexuais a serem desfigurados com os sobrenomes das suas mães! Sacré Bleu!

O problema, está bom de ver, não é de machismo, non! Nem sequer de conservadorismo, dis donc! Como explica o deputado Marc Le Fur, o problema é que os nomes de origem portuguesa são «frequentemente longos» (culpa da mãe, évidemment). Num país onde palavras como «professor» e «director» não têm feminino, facilmente se conclui que o problema é esse: o pragmatismo francês tende manter os nomes convenientemente breves, pela “poda” do nome da mãe, e assim deverá continuar a ser!

Pela lógica da Direita francesa, «Valéry Marie René Georges Giscard d’Estaing» é um nome «curto» — porque os quatro primeiros são nomes próprios e os dois últimos vieram-lhe ambos do pai («comme il faut»). São também curtos nomes como «Charles André Joseph Pierre-Marie de Gaulle», «Georges Jean-Raymond Pompidou», «François Maurice Adrien Marie Mitterrand», «Nicolas Paul Stéphane Sarközy de Nagy-Bocsa» («Sarközy de Nagy-Bocsa» provêm-lhe todos do pai...) e «François Gérard Georges Nicolas Hollande», só para citar alguns.

Já «Rui Sá do Ó» (em que o Sá lhe vem da mãe...) é um nome um horror de longuíssimo! Zut alors!

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