Eu costumo dizer que não gosto da expressão «eu costumo dizer que». Estruturalmente, sendo usada para o sujeito se citar a si mesmo, ela não anuncia nada de novo. Aprecio, ao invés, a expressão «eu costumo calar que», se pronunciada só assim, sem complementos — directo, indirecto, oblíquo ou contrafeito — que a tornem vacilante, ineficaz. O que habitualmente se cala tende para o infinito: «eu costumo calar que» promete silêncios robustos; «eu costumo dizer que» antecede frouxas epifanias.
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