Aos oito anos, memorizei a «Balada da neve» de Augusto Gil. Na altura, colhi das nove quintilhas uma impressão situada entre a ampla nostalgia e a pequena catástrofe. Hoje, examinando o arquivo, reparo que os versos ainda constam. Inteiros. Alvíssimos. Poemas fixados na infância e prolongados no tempo terão, decerto, relevantes efeitos existenciais. Trazer a neve, em redondilha fácil, talvez engendre plácida frieza. Entretanto, porém, inevitável, a memória recolhe outras estrofes — que não batem assim tão levemente.
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